Olá, meu nome é Alan Kenneth, sou criador do Sentindo Filosofia. Sou estudante de 7° período de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Criado no dia 12 de outubro de 2008, o Sentindo Filosofia tem por objetivo defender a idéia de um saber subjetivo, onde o sujeito em sua individualidade existencial, cria suas concepções da realidade, assim sucessivamente, começa a atribuir sentido ao mundo e ao universo tendo como referencial a sua própria realidade enquanto ser no mundo.

Roberto Caldeira Flores, é um dos colaboradores do Sentindo Filosofia, estudante do 7° período de Filosofia da Pontifica universidade católica de minas Gerais.

domingo, 12 de outubro de 2008

Possível nascimento da tragédia, um mito e sua sensibilidade.


Junito de Souza Brandão, em sua obra Teatro Grego, Tragédia e comédia, relata como se deu o possível surgimento desta manifestação artística: “A tragédia nasceu do culto de Dionísio: isto, apesar de algumas tentativas, ainda não conseguiu negar, ninguém pôde, até hoje, explicar a gênese do trágico, sem passar pelo elemento satírico." (BRANDÃO, J. 2002. P.09.).

Segundo Brandão, J. Zeus tem um filho com Perséfone, Zangreu (o primeiro Dionísio), provável sucessor de seu trono, foi deixado aos cuidados de Apolo e dos curestes. Hera sua esposa ao descobrir o fato, manda os Titãs destruírem o filho favorito do senhor dos raios e trovões, Dionísio passou por várias transformações, porém mesmo assim, foi encontrado e devorado quando se encontrava em forma de um boi (existem alguns relatos de que uma das últimas formas de Dionísio foi de Bode, animal colocado como referencia de seu culto). Porém, Palas Atená
conseguiu salvar-lhe seu coração, ainda palpitando. Neste caso, Junito de S. Brandão afirma que existem dois relatos, o primeiro é que Sêmele engoliu o coração a mando de Zeus e fecundou Dionísio, o segundo é que Zeus o fez antes de fecundar a princesa Tebana. Porém ao saber disso, Hera disfarçou-se de criada e aconselhou Sêmele a pedir a Zeus que o mesmo se apresentasse de forma epifânica ao invés da forma heliofânica, mas Sêmele ao pedir isto a Zeus esqueceu que um mortal ao ver um Deus na forma Epifânica não sobreviveria, e mesmo Zeus pedindo que esta não o fizesse, tinha prometido ao rio Estige que jamais negaria um pedido à princesa, e ao mostrar-se na forma solicitada, a mesma morreu carbonizada pelo esplendor do Deus, e restou apenas o feto, Zeus colocou-o em sua coxa para terminar a sua formação, e assim nasceu o segundo Dionísio (Zangreu, Baco). Dionísio foi deixado aos cuidados dos sátiros e das ninfas, e em uma gruta, num bosque desconhecido, o Deus, ao pegar as frutas que pediam dos ramos da videira criou o vinho, partilhou o novo néctar com seus “tutores” e todos beberam-na, assim o Deus, as ninfas e os sátiros, após o ápice de embriagues caíram na terra semidesfalecidos. E assim nasce a tragédia. O ator é aquele ultrapassa o métron (medida de todas as coisas) em função do êxtase, a hýbris (démesure, violência) é alcançada. Porém existe a punição divina, e pela nêmesis (ciúme divino), o antrophos, que se tornou o ator é punido pelas moiras (o destino cego). Aristóteles em sua obra: A poética, explica como que é definida a tragédia grega e qual o seu objetivo. A tragédia, assim como as outras artes, é a mimesis (imitação) do mundo, e esta tem uma função educativa, pois através do desfecho da tragédia produziria um sentimento de catarse nas emoções de piedade e terror. Catarse pode ser atribuída como o movimento que se tem do particular (o episódio apresentado na tragédia) ao universal (sentimentos de piedade e terror produzidos na platéia), e esta é, segundo Aristóteles e outros autores a função educativa da arte, sendo a mesma mimesis (imitação, mas no sentido de imitação da ação humana), que produz catarse (do grego Katarsis: purificação, purgação) que leva os espectadores ao sentimento prometeuto (Neologismo atribuído ao personagem mítico Prometeu, que significa pensar no depois, ou pensar antes de agir.), assim produzindo educação moral nos homens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro Grego. Tragédia e Comédia. Vozes. Petróplis.. 1984. P.11-14.

ARISTÓTELES. Poética. In. Os Pensadores. Tradução: Baby Abrão. Nova Cultural. São Paulo. 2004. P. 33-75.

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